MAÇONARIA:
TRABALHO VOLUNTÁRIO
Voluntário,
conforme o dicionário [1], é aquele “que faz parte de uma corporação por
mera vontade e sem interesse” e “que faz de boa vontade e sem constrangimento”.
Essa definição, ao qualificar a ação voluntária como “sem interesse”, esbarra
no debate filosófico da impossibilidade de ausência de interesse. O altruísmo,
termo criado por Augusto Comte, seria esse ato de ajudar alguém sem ter
qualquer interesse individual envolvido, apenas por pura bondade. Nesse
sentido, muitos filósofos têm defendido que não existe ato genuinamente
altruísta, totalmente desinteressado. Para ilustrar esse entendimento, se você
acredita que atos de bondade, de caridade, que boas ações colaboram para sua
evolução moral e/ou espiritual, então qualquer ato seu não será 100% altruísta,
pois você tem um interesse pessoal, mesmo que mínimo, de evoluir com isso. Até
mesmo se não esperar tal evolução, mas se você se sente bem em ajudar o
próximo, sua ação não será totalmente desinteressada, pois você, em algum
nível, sente prazer em ajudar, se beneficiando de alguma forma com isso.
Nesse sentido, não existe ato voluntário sem interesse.
Já a
ONU [2] fornece uma definição condizente com tal entendimento, ao declarar
que voluntário é “o jovem, adulto ou idoso que, devido a seu interesse pessoal
e seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração, a diversas
formas de atividades de bem estar social ou outros campos”. Nesse caso, vê-se
claramente que a ação voluntária parte de um interesse pessoal, mesmo que
motivado pelo civismo.
A
Maçonaria é uma oportunidade de trabalho voluntário, tendo nos maçons seus
voluntários. A definição mais comum de Maçonaria em uso em todo o mundo é a de
que Maçonaria é “um belo sistema de moralidade velado em alegoria e ilustrado
por símbolos” [3] [4]. Essa definição é derivada de outra, de autoria de
William Preston [5], que considera a Maçonaria “um sistema regular de
moralidade, concebido em uma tensão de interessantes alegorias, que desdobra
suas belezas ao requerente sincero e trabalhador”. Dessa forma, deve o maçom,
logicamente, estar interessado em evoluir moralmente para ser voluntário em um
“sistema regular de moralidade”. Tais definições também indicam que o trabalho
voluntário do maçom corresponde a atividades e práticas relacionadas a
“alegorias e símbolos”, ou seja, a aprendizagem e execução do ritual, que é a
ferramenta de ensino que contém as diversas alegorias e símbolos maçônicos.
Mas,
como todo trabalho voluntário, Maçonaria é um trabalho “sem remuneração”, cujas
atividades são realizadas por livre e espontânea vontade. Não se ganha na
Maçonaria, se gasta. Você investe, além de seu tempo como voluntário, recursos
financeiros para manter a estrutura de sua Loja e Obediência. Por esse motivo,
mais do que qualquer outro trabalho voluntário, o maçom deve estar realmente
ciente do cunho moral da organização, interessado em tal aspecto, e realizar
suas atividades a contento. Em outras palavras, precisa estar 100%
comprometido. Assim como não existe um “mais ou menos” médico sem fronteiras,
não dá pra ser “meio” maçom.
E o que é ser um maçom, esse voluntário da Maçonaria? É
estudar o ritual, não apenas executando-o da melhor forma possível, mas
principalmente o compreendendo. É participar ativamente das reuniões,
contribuindo com suas ideias e opiniões. É se oferecer para ajudar nas diversas
atividades em grupo, ou mesmo para realizar algumas atividades individuais
dentro de suas competências, como ministrar uma palestra, criar um website, pintar uma parede ou trocar uma simples
lâmpada. É ter ciência de que, sendo um trabalho voluntário, você não depende
dele para sua sobrevivência e sustento de sua família, devendo, portanto, ir
para a Maçonaria e permanecer nela somente se estiver realmente interessado. E
cada vez que comparecer, faça valer à pena, porque apenas assistir e criticar
não pode ser considerado trabalho voluntário… é necessário colaborar.
NOTAS:
[1]
PRIBERAM. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Acesso em: 22 de janeiro de
2013. Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=voluntário
[2]
UNIC. United Nations Information Centre Rio de Janeiro. Acesso em: 22 de
janeiro de 2013. Disponível em:
http://unic.un.org/imucms/rio-de-janeiro/64/158/voluntariado.aspx
[3] GUNN, J.: Death by Publicity: U. S. Freemasonry
and the Public Drama of Secrecy. Rhetoric & Public Affairs, Vol. 11, No. 2,
pp. 243-277, 2008.
[4] ZELDIS, Leon. Illustrated by Symbols (New York , NY :
Philalethes, The Journal of Masonic Research & Letters, Vol. 64, No. 02,
2011), p. 72-73.
[5] PRESTON , William.
Illustrations of Masonry. New York :
Masonic Publishing and Manufacturing Co., 1867.
por KENNYO
ISMAIL
do site no esquadro – derrubando mitos na maçonaria