CONCURSO
INTERNACIONAL DE LITERATURA PROMOVIDO PELA
EDITORA
ASSIS, UBERLÂNDIA - MG
APRESENTADO PELO IRMÃO DAVID ARAÚJO
DIA 05/08/2014
Ao
longo da história das civilizações, nas falas dos poetas,
dos
romancistas, dos religiosos, dos profetas e dos pensadores, sempre se
fez
referência ao tema SOLIDÃO, seja para expressar um sentimento
romântico,
seja para expressar uma situação de isolamento ou de
abandono,
além dos livros técnicos que estudam reações dos indivíduos,
usando
a SOLIDÃO como doença patológica passiva de tratamento
específico
e acompanhamento qualificado.
Define-se,
literalmente, que SOLIDÃO é um sentimento que provoca
na
pessoa uma profunda sensação de vazio e de isolamento. A SOLIDÃO é
mais
que um sentimento de querer uma determinada companhia, ou de
querer
realizar uma atividade com outras pessoas mas é a necessidade de
algum
ingrediente que as transforme na coisa desejada.
Não é
um sentimento comum, presente em todas as pessoas, mas
de
determinado indivíduo em determinado tempo e em razão de uma
determinada
situação. Podemos pois, tratar a SOLIDÃO como uma doença
provocada
em determinada pessoa por razões diversas tais como, perdas,
sentimentos
frustrados, introspecçao, síndromes, auto-condenação,
exclusão,
discriminação e tantos outros motivos e razões, tudo avaliado
pela
capacidade de resiliência de cada indivíduo.
Não há
dúvida de que estamos muitas vezes sós, no meio da
multidão.
O mundo moderno criou doenças, medos, preconceitos, tabus e
ameaças
aos quais a humanidade, de um modo geral, se submete,
cotidianamente,
fazendo frustrar os mais nobres sentimentos, as mais
nobres
missões, os mais importantes momentos das vidas das pessoas.
Atinge
o "Tendão-de-Aquiles" das sociedades que são as instituições
básicas
da evolução, como a família, o casamento, a religião, o trabalho
digno
e honesto, o ganho ético e a liberdade de pensamento.
Nesta
esteira de pensamento, a doença SOLIDÃO pode acometer
qualquer
um de nós e nos levar às consequências mais terríveis da depressão
e da loucura. A doença do século é a Síndrome-de-Pânico,
diagnosticada apenas pelas reações e comportamentos do paciente, sem
diagnósticos científicos e reveladores das áreas cerebrais afetadas,
levando psiquiatras, psicanalistas e psicólogos a utilizarem de métodos de
terapia experimentais e de validação pessoal, nem sempre eficazes,
prolongando de tal forma a patologia dos indivíduos que tornam-se
problemas de convivência com a família, com a sociedade, terminando por
serem internados em clinicas que os tornam mais carentes, mais
envolvidos de SOLIDÃO e de isolamento.
Conclui-se que a SOLIDÃO não é coisa concreta e'sim uma projeção
do indivíduo que se envolve do sentimento de vazio, devendo ser tratado
pelas especificações de sua própria SOLIDÃO, causas e sentimentos que os
levaram a se sentir só, mesmo no meio de todos.
Na generalização poética do vocábulo, temos que SOLIDÃO nasce de
um desengano amoroso, da ausência de alguém que se quer, da perda do
amor que representa tudo na vida da pessoa; palavra transcendente que
invade o mais íntimo dos sentimentos, que se compara com a noite cheia
de estrelas e com a escuridão do infinito; que se mede pela dor interior e
se debruça no desinteresse de viver; cria poesias, romances, inspira a
grandes composições musicais, rende dinheiro a quem explora e empobrece os que não a vencem .
Para os fortes, a SOLIDÃO não tem propostas aceitáveis, não
consegue tocar seus corações, não invade suas mentes. E repelida pela
força interior do desejo de vencer, dos ideais bem formados, da
estruturação psíquica, mental, social e até mesmo religiosa.
Para os fracos, torna se doença incurável, desafio à vida, fantasma
que engole para dentro de suas vísceras num labirinto infinito e sem saída
apenas com o passaporte para a derrota o desânimo e a morte.
Os remédios sociais contra a SOLIDÃO estão disponíveis a todos: a
vida social ativa, a solidariedade e a cumplicidade com as propostas de
realinhamento social em favor do coletivo, o trabalho e a ocupação da
mente, a leitura, o desprendimento das coisas meramente materiais e a
valorização das virtudes como um projeto de formação constante da
Edificação de nosso caráter. O
"ser" com mais frequência, o "ter" mais com cuidado .
Enquanto vivos, podemos nos livrar de todos os males psicológicos
pela vontade sadia de viver e sermos felizes por direito, jamais por
obrigação. Cada momento nosso é uma oportunidade a mais de
contabilizarmos felicidade, satisfação de viver, bastando apenas que nos
livremos dos pensamentos ruins, das flagelações de nossas experiências
mal sucedidas, das auto-acusações, da culpa de quem não tem culpa, do
conhecer a si próprio, interna e externamente. Da propriedade de se
impor pelo que é e não pelo que querem que sejamos.
Diferentemente da SOLIDÃO, a SOLITUDE pode ser um bom
momento em que desejamos ficar sós, meditar, programar soluções,
pensar de forma racional os caminhos que devemos percorrer para o
sucesso. Neste caso, o estar sozinho não nos remete à SOLIDÃO e sim ao
nosso interior, de onde devem nascer as mais belas realizações de nossa vida
Na morte, por mais espiritualizados que sejamos, por mais que
nossa crença nos afirme que exista outra vida após esta, com certeza,
experimentaremos a mais triste de todas as SOLIDOES: a da lápide fria, da
escuridão do fundo da terra, dos vermes que aos poucos consumirão
nosso corpo, da ausência de tudo, da ausência de todos. Nestes tempos
modernos, onde o espaço para o homem se torna cada dia menor,
poderemos sujeitar nossos corpos à crematória, reduzi-lo a um pequeno
monte de cinzas, espalhá-las sobre o mar, sobre os jardins ou alguém
guardá-las como lembrança. Transformá-las em um lindo diamante e
alguém ostentá-lo como jóia rara. De qualquer forma, a morte é a
verdadeira SOLIDÃO, indesejada, porém, inevitável.
Enquanto vivo, não cante a SOLIDÃO em versar não faça dela a
apologia de um sentimento que pode dar solução a um sofrimento. Cante
a vida, dance a vida e viva a vida, sem SOLIDÃO!
Uberlândia
(MG), 24 de maio de 2014. (15,05 horas).
Davi Araujo