A
Maçonaria ao invés de ser aquela associação secreta, na
realidade, é muito mais do que isso. A maçonaria é uma
Fraternidade em prol da Liberdade e da Igualdade entre os homens.
Somente
um povo livre pode ser feliz. Sem qualquer caráter de religião, a
Maçonaria é uma associação de homens livres e de bons costumes,
preocupada com o progresso da civilização universal. De diversos
outros movimentos importantes participamos, mas estes mereceram maior
destaque, por abranger questões de grande controvérsia.
Como
não somos historiadores, apenas fizemos um relato dos fatos
marcantes, para que você tenha em mente que dois aspectos não
condizem com os fatos traçados por desconhecedores da História –
a Maçonaria não combate qualquer religião ou a Igreja e não é
preconceituosa. Desde os primórdios, aliás, lutou pela abolição
da escravatura, seja na Europa, seja no Brasil.
A
libertação dos escravos no Brasil foi não há como negar, uma
iniciativa de maçons, um empreendimento da Maçonaria. Cumprindo sua
elevada missão de lutar pela reivindicação dos direitos do homem,
de batalhar pela liberdade, apanágio sagrado do Homem, empenhou-se
sem desfalecimento, sem temor, indefessavelmente pela emancipação
dos escravos.
Para
confirmar estes fatos, basta verificar a predominância
extraordinária de maçons entre os líderes abolicionistas. Dentre
muitos se destacaram Visconde de Rio Branco, José do Patrocínio,
Joaquim Nabuco, Eusébio de Queiroz, Quintino Bocaiúva, Rui Barbosa,
Cristiano Otoni, Castro Alves, e muitos outros.
É
inegável o papel da Maçonaria no movimento de abolição da
escravatura no Brasil. A Lei Sexagenária é um exemplo disto,
editada pelo Barão de Cotegipe (Maçom). Diante deste fato,
combatemos as assertivas, volta e meio difundidas, de que a Maçonaria
não congrega em seu seio homens da raça negra. Isto é um absurdo,
uma discriminação velada, um ataque sem embasamento e desprovido de
veracidade.
O
Brasil, como se sabe, é miscigenado. Temos, em nosso sangue,
famílias européias (os colonizadores portugueses, espanhóis,
alemães etc.), famílias indígenas e negras.
Combater
esta ou aquela raça, num país como o nosso, além de ser crime e,
ainda por cima, hediondo, é uma total falta de conhecimento de nossa
própria história e de nossa cultura.
Os
negros e os índios são os responsáveis por grande parte de nossa
cultura a qual atraí pessoas do mundo inteiro. Feito mais este
adendo, mesclando nossa História, veremos a participação da
Maçonaria no movimento abolicionista.
Os
ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade não podem se conciliar
com ataques à Igreja ou pensamentos de preconceito racial. Todos nós
somos iguais perante o Grande Arquiteto do Universo.
O
primeiro Maçom a dar passos no sentido da abolição da escravatura
foi José Bonifácio, não fosse o fato de que países como a
Inglaterra e a França, de cunho notadamente maçônico, já
pressionassem o Brasil no sentido de se abolir, de uma vez por todas,
a escravidão negra.
Sabe-se
que a escravidão negra no Brasil se deveu ao fato de os
colonizadores não terem conseguido intentos em assim o fazer com os
índios, que não demonstravam a menor aptidão para o
trabalho.
Desta forma, fato a que devemos manifestar nosso
repúdio, até mesmo porque o lema “Liberdade” não deve ser
usado em vão, qualquer forma de opressão contra um povo é tirania.
José
Castellani nos conta que o Parlamento britânico, com forte
participação da Maçonaria, aprovou a Lei Aberdeen, aos 25 de março
de 1845, que determinava o aprisionamento, por navios britânicos, de
qualquer navio brasileiro que transportasse escravos. Assim, no
Brasil, a Maçonaria foi de grande importância para a abolição da
escravatura, tendo os seguintes maçons sidos ferrenhos defensora
desta ideia:
- Euzébio
de Queiroz- Bento
Gonçalves- Davi
Canabarro- Ubaldino
do Amaral- José
Leite Penteado- Ruy
Barbosa- Saldanha
Marinho- Américo
de Campos- José
do Patrocínio- Joaquim
Nabuco- Quintino
Bocayuva- Visconde
do Rio Branco- Silva
Jardim- Barão
de Cotegipe- Francisco
de Paula Brito- Gê
Acaiaba de Montezuma- Rebouças
Assim
foi e tem sido a atuação da Maçonaria com relação ao Brasil,
sempre apoiando e lutando para a concretização dos ideais mais
nobres da pátria, comprometendo-se em favor da liberdade e
condenando as injustiças.
O
texto da lei Áurea
Reprodução
do Decreto que instituiu a Lei Áurea, bem assim a caneta usada pela
Princesa Isabel.
Lei
nº 3.353 de 13 de maio de 1888
Declara
extinta a escravidão no Brasil
A
Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o
Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a
Assembléia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art.
1°: É
declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no
Brasil.Art.
2°: Revogam-se
as disposições em contrário.
Manda, portanto, a todas as
autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Lei
pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão
inteiramente como nela se contém.
O
secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras
Públicas e interino dos Negócios Estrangeiros, Bacharel Rodrigo
Augusto da Silva, do Conselho de Sua Majestade o Imperador, o faça
imprimir, publicar e correr.
Dada
no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67º da
Independência e do Império.
Princesa Imperial Regente.
Rodrigo
Augusto da Silva
Carta
de lei, pela qual Vossa Alteza Imperial manda executar o Decreto da
Assembléia Geral, que houve por bem sancionar, declarando extinta a
escravidão no Brasil, como nela se declara. Para Vossa Alteza
Imperial ver. Chancelaria-mor do Império – Antônio Ferreira
Viana.
Aprovado
com 85 votos favoráveis e 8 contrários na Câmara Geral (Câmara
dos Deputados), e um contrário no Senado do Império, foi à sanção
da Regente Princesa Isabel em 13 de maio.
A Pena
dourada
Tendo
sido editada em três vias, cada cópia da Lei Áurea foi assinada
por uma pena dourada idêntica.
Recentemente,
D. Pedro Carlos vendeu ao Museu Imperial de Petrópolis a pena
dourada com a qual sua bisavó, a princesa Isabel do Brasil, assinou
a primeira via da Lei Áurea, pela soma de R$500.000,00.
Apesar
do título de Príncipe Imperial do Brasil ter sido transmitido aos
primogênitos descendentes de seu tio-avô, D. Luís Maria Filipe,
após a renúncia de seu avô, D. Pedro de Alcântara, a pena dourada
havia sido mantida como herança entre os primogênitos do Ramo de
Petrópolis.
As
outras duas penas utilizadas se encontram em poder do Museu da
Maçonaria, na sede do Grande Oriente do Brasil.
Do
Livro : Os Maçons e a Abolição da Escravatura
de José Castelanni
Editora
Trolha
Do
site : Loja Maçônica Obreiros do Irajá