APRESENTADO PELO IRMÃO MARCO AURÉLIO ABRAHÃO
( MEMBRO HONORÁRIO )
A utilização do termo
Egrégora pode gerar aos pesquisadores diferentes compreensões, mas afinal o que
significa Egrégora?
Algumas definições
são bastante enfáticas: “palavra que se tornou popular entre os espiritualistas,
significa aura de um local onde há reuniões de grupo, e também a aura de um
grupo de trabalho”. Uma definição um pouco mais clássica: “Egrégora provém do
grego egregoroi e designa a força gerada pelo somatório de energias físicas,
emocionais e mentais de duas ou mais pessoas. Ao se reunirem, os seres formam,
pela união de sua vontade, um ser coletivo novo chamado Egrégora . Assim ,
quanto mais poderoso for o indivíduo , mais força estará emprestando à Egrégora
para que ela incorpore às dos demais ” .
Para o famoso cientista
da psicanálise Carl Jung, podemos ter percepções intuitivas por meio da exploração
do inconsciente coletivo. Para o célebre psicanalista o inconsciente pessoal
descansa sobre um outro mais profundo
extrato , que não se origina nem da experiência, nem de uma aquisição pessoal,
mas í inato no ser humano: o chamado consciente coletivo. A Egrégora pode ser
definida como uma energia resultante da união ou soma de várias energias
individuais. Ela é formada pelo afluxo dos desejos e aspirações individuais dos
membros daquele grupo.
No Apocalipse, João
faz os Anjos responsáveis pelas nações intervirem, porque somos responsáveis
pelos erros coletivos cometidos. Ninguém pode lavar as mãos, como fez Pilatos:
guerras, fomes, massacres diminuem nossa liberdade, porque participamos da
egrégora da terra; da mesma forma que os genes de nossa hereditariedade marcam
a história de nosso corpo. Segundo a Bíblia, cidades inteiras foram punidas por
causa de sua egrégora envenenada.
Da mesma forma, cada
grupamento filosófico – templo/Loja – tem a sua egrégora qua nada mais é que
sua alma coletiva, resultante do somatório das energias anímicas de cada um dos
membros que se põem em harmonia no êxtase do amor fraterno. Esse somatório
anímico é u ma poderosa central de energia magnética capaz de interferir e
gerar uma série de fenômenos. Nessa egrégora os símbolos têm conteúdos
transpessoais, isto é, seus significados são comuns à toda a comunidade.
Toda vivenciação
transpessoal provinda da egrégora é pertubadora, pois solta em nós um a voz
muito mais poderosa que a nossa. Ela fala por meio de símbolos primordiais como
se tivesse mil vozes; comove, subjuga elevando o sentimento de fraqueza humana
à esfera do contínuo devir, eleva o destino pessoal ao destino da humanidade, e
com isso solta em nós todas aquelas forças benéficas que desde sempre
possibilitaram à humanidade salvar-se de todos os perigos e também sobrevir à
mais longa noite. Estes símbolos comuns a todo homem nunca puderam ser
plenamente elucidados, neles há sempre um excedente de significação primitiva e
de vida, possibilitando novos impulsos de criatividade. O sonho, a meditação, a
intuição em ultima análise destes símbolos, nos proporciona vivenciá-los,
perceber as emoções ligadas a eles e liberta-los passo a passo em nossa
existência. Por esta razão é muito importante – bom e suave – que os iniciados
vivam em união e concórdia – em irmandade – pois a convivência fraternal gera e
matem a egrégora forte e saudável, capaz de rejeitar energias negativas e gerar
um inefável saber. No caso das influências de energias negativas por disputas
egoístas, por interesses próprios, pela discórdia e outros males, frutos da
ignorância humana, a alma coletiva poderia adoecer e vir a se extinguir, o que
poderia levar uma comunidade se extinguir.
Muitos de nós podem
pressentir a “aura coletiva ” como uma energia armazenada que paira sobre os
Irmãos reunidos em uma Loja.
É como um a onda que flutua no ar e, sentir sua intensidade e sua harmonia é
muito simples. Quando visitamos outra Loja, não é difícil para muitos mestres
descrever com boa precisão como é o trabalho daquela determinada comunidade,
como é o relacionamento entre aqueles Irmãos, ou se alguma coisa negativa está
interferindo naquela Fraternidade, simplesmente através da percepção da
egrégora. Por exemplo, por melhor que seja o conteúdo de um trabalho
apresentado para estudo, quando a alma de uma comunidade fraterna está em
desarmonia e enfraquecida, a exposição se torna fria e superficial e os
ouvintes, quase sem atenção, pouco ou nada fruem do seu significado. É o que se
chama de “ambiente frio”. Mas quando está presente a egrégora fortalecida e em
plena luz, nota-se um ambiente de harmonia, de carinho e franca amizade. Então
se um trabalho é apresentado, todos vão além no entendimento que ali foi
exposto: Sentimos que quando o ambiente está equilibrado, ou o que significa
dizer, que a egrégora está forte e pura, surgem como que canais de
entendimentos superiores que se ligam às nossas mentes e nos inspiram sorver
maravilhosos conhecimentos de uma fonte incomensurável de sabedoria. È como se
as antenas de nossas mentes sintonizassem as ondas de uma nova estação de rádio
cósmica. Algo maravilhoso se faz naquele momento e como que nos enchemos de um
novo saber somente aprendido sob essas condições.
Assim, a egrégora é a
alma coletiva evocando um poder invisível, porém eficaz e plenamente sentido
pelos integrantes de um corpo de estudo. È um princípio de vida e um misterioso
centro energético que se manifesta através da intuição e está à disposição dos
verdadeiros iniciados. Captar a egrégora é captar o verdadeiro poder da
fraternidade humana e por isso o desejo das sublimes instituições ecléticas e
universalistas em ver todos os homens vivendo como irmãos confluenciando para uma
só e divina egrégora terrena. Se analisarmos sob vários aspectos, veremos que
uma corporação iniciática é uma das congregações humanas mais bem
preparadaspara atingir a geração da egrégora, na busca incessante da sabedoria.
Se a egrégora é a
somatória de energias, não há limites para que nível de freqüência seja a sua
fonte criadora, assim podem existir em potencialidades egrégoras com
freqüências elevadas e egrégoras com freqüência vibratórias menos elevadas ou
se preferirem “negativas”. A existência de diferentes freqüências reforça a
antiga lei da dualidade entre o positivo e o negativo, ou ainda entre o claro e
o escuro e o bem e o mal. Em ultima análise o bem eo mal competem para o
equilíbrio das forças. Aliás, o equilíbrio é o objetivo e não o caminho entre
os extremos. Talvez a pergunta mais enfática seja: qual é exatamente a fonte
geradora desta energia potencial que anima e mantém uma egrégora ? Como
fisicamente isto ocorre? Como as energias vibram em ressonância? A resposta
talvez esteja na constância, na geração uniforme e linear da mesma e única
energia. Como isto pode acontecer? Possa aí estar depositada a tradição do
ritual e das cerimônias maçônicas nos diferentes ritos. Tal qual um gerador ou
dínamo, a permanência do eixo girando sempre no mesmo sentido, velocidade e
harmonia é garantia da geração da energia elétrica que é o seu resultado. O
trabalho maçônico regular, constante, harmônico somado aos interesses
superiores de seus praticantes é a fonte geradora de um nível vibratório
elevado, alimentador constante de uma egrégora capaz de gerar paz, evolução
espiritual e conhecimento aos que dela usufruem. È por isso que precisamos
controlar nossos desejos a fim de que eles não pesem sobre nós,
acorrentando-nos, imprimindo à nossa aura cores diferentes. A meditação e a
prece do iniciado regeneram-no, permitindo-lhe emitir idéias sadias e
tranqüilizantes. Na verdade somente o amor ao bem e à verdade, somente nossa
ação e nosso coração nos conduzirão à família espiritual que nos corresponde,
segundo a densidade de nosso espírito.
Todo o esforço da vida iniciatica tem
por meta utilizar, da melhor maneira possível, nossa vida, nossos ímpetos,
nosso amor, para equilibrá-los e fazer deles uma base sólida num esforço de
continuidade e de ascensão. Se nós Maçons desejamos um dia uma humanidade
fraterna, certamente devemos primeiro ser os combatentes fervorosos do bem
sobre o mal, das virtudes sobre os vícios, da riqueza espiritual sobre a
mediocridade material. Se isto não é possível em cada segundo de nossa vida,
uma vez que estamos invariavelmente imersos num mundo globalizado e repleto de
necessidades sociais, que o seja pelo menos em espírito, na vontade, aqui, em nosso Templo.
Imagens : Internet e arquivo da Loja
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