segunda-feira, 12 de agosto de 2019

TRABALHO APRESENTADO PELO IRMÃO MARCO AURELIO FERREIRA DANTAS

Dia 06 de Agosto de 2109 o Irmão Marco Aurélio Ferreira Dantas apresentou na Loja Maçônica Alpha e Ômega  o trabalho abaixo : 

IRMÃO MARCO AURÉLIO


 Estudar, compreender, aprender, sentir. Talvez estas fases possam ser consideradas um dos principais desafios ao iniciado.

 A maçonaria tem entre seus iniciados o juramento de livre espontânea vontade de nunca revelar os segredos ou mistérios da maçonaria, e isto faz com que haja muitas literaturas especulativas e as vezes divergentes sobre o tema dificultando as explorações dos aprendizes.
 Porém é da natureza humana a constante busca pelo conhecimento e crescimento. Sob esta mesma ótica, é oportuno ressaltar que no caso do maçom há à constante busca pela perfeição. 
 Através desse trabalho, tenho desejo de apresentar, de forma resumida e não terminada, o estudo realizado sobre o Pavimento mosaico.
 Em todas as lojas maçônicas regulares está presente, um Pavimento mosaico, constituído por um conjunto de quadrados brancos e negros colocados alternadamente entre si.

 O simbolo remete claramente para dualidade, mas também para harmonia entre os opostos. O dualismo provem das antigas tradições humanas. 
A civilização Suméria dotava o seus templos de piso em pavimento mosaico, que só podia ser pisado pelos sacerdotes no mais alto grau da hierarquia e só em dias de eventos importantes.
 Convencionou-se que o Santo dos Santos do Templo de Salomão teria um Pavimento Mosaico.
 O embasamento para apresentação deste trabalho é a diversidade humana e o princípio da dualidade, ou seja, duas forças.

 Este princípio me remete, naturalmente, a minha iniciação. Me faz pensar no aprendizado que já adquiri, e que continuarei adquirindo, e nas dificuldades enfrentadas, e que continuarei enfrentando na maçonaria.
 As duas forças visíveis no pavimento mosaico através das cores preta e branca que expõe a dualidade de tudo que existe no universo,e descrevem as duas forças fundamentais, opostas e complementares, que se encontram em todas as coisas. 
 É possível percebermos a claridade e a escuridão no mundo em que vivemos.

 Mundo este de opostos. Dia e noite, bem e mal, rico e pobre, sono e vigília, bonito e feio, sábio e ignorante, prazer e dor, grande e pequeno, saudável e doente, luz e obscuridade, calma e pressa, virtude e vicio, tolerância e prepotência, união e desarmonia, calor e frio, feliz e triste, êxito e fracasso, amor e ódio, ordem e desordem, certo e errado, vida e morte, humildade e orgulho, razão e emoção, dentre outros.
 O perigo na dualidade é quando ela se torna polarizada em julgamentos e crenças em nossos pensamentos. 
 Ainda que represente lados opostos, as partes que compõem o Pavimento, quando analisadas como um todo, se completam e harmonizam, numa nítida representação de igualdade e união. 
Por isso, proponho um olhar sobre a não- dualidade, ou seja, “não dois”. Enquanto a dualidade pretende diferenciar a não-dualidade pretende unir. 
 O olhar sob a ótica da não-dualidade é importante para entendermos que essencialmente somos todos Um.

 Isso significa nos unirmos com tudo e todos, até mesmo com o que ou quem não prezamos.
 Para a evolução e para a busca da perfeição é necessário que as “duas forças” interajam.
 O desafio é buscar o equilíbrio entre “as duas forças”. Não precisamos ser iguais para ser Irmãos. As diferenças, quando conhecidas, são válidas e necessárias.
 Ao observarmos o pavimento mosaico, independentemente de seu formato, percebemos que as duas cores são ligadas umas às outras. Isto nos faz pensar de que mesmo sendo diferentes em raça, credo ou cor, somos iguais perante o Supremo Arquiteto do Universo. 
 Praticar a igualdade e a justiça, mesmo diante de tantos opostos extremos, é certamente um exercício contínuo.
 Seguramente, em alguns momentos, agimos no quadrante de cor preta e em outros, no de cor branca.
 Pavimento mosaico recorda-nos assim que a vida é feita de contrastes, de forças opostas que se influenciam entre si, e que é através dessa influência mútua que ocorre a mudança, o avanço, a evolução.
 Nesse sentido, o bem, por si só é estático e estéril. O bem só evolui em confronto com o mal. É desse confronto entre ambos que resulta algo, é esse confronto bipolar que é fecundo. Aliás, em bom rigor, só podemos definir o bem em confronto com o mal, tal como necessitamos da sombra para bem aprender o que é a luz.

 A humanidade só evolui porque sempre necessitou de se confrontar com o perigo, com a fome, com a necessidade, em suma, com o mal, e teve de superar todos os sucessivos obstáculos para atingir sucessivos patamares de bem, de satisfação, sempre confrontada com novos perigos, obrigando a novas superações.
 É ao superar os sucessivos obstáculos com que se depara que o homem se supera a si mesmo.
 O Pavimento Mosaico não é um espaço estático. É um caminho com luzes e sombras, com espaços agradáveis e veredas desagradáveis, com seguranças e perigos. Ficar num quadrado branco e dele não sair, não leva a lado nenhum...
 É necessário enfrentar a dualidade com que nos deparamos, suportar a polaridade inerente a tudo que nos rodeia e, afinal, inerente a nós próprios e... fazer-nos à vida!
 Se tomarmos mais opções certas do que erradas, teremos mais sinteses brancas do que negras e desbravaremos um caminho de avanço.
 Se ou quando ( porque é quase que inevitável que esse quando, muito ou pouco, cedo ou tarde, sempre apareça...) enveredamos por opções erradas, acabamos por cair em sombria síntese e deparar com retrocesso e não com desejado progresso.
 Mas ainda assim, a solução não é ficar onde se foi parar, com receio de nosso retrocesso: é prosseguir com nova síntese, efetuar nova opção, desejávelmente que se revele boa, para melhor sorte nos caber.
 E assim, em perpétuo movimento, em continua progressão de inesgotáveis sínteses, o homem avança desde a sua tese inicial até a sua derradeira síntese... que, do outro lado da cortina descobrirá que não foi um fim, mas apenas um novo recomeço, uma nova tese para, noutro plano, se confrontar com fecunda antítese...
 Um simples pavimento mosaico serve de ponto de partida para a mais profunda especulação. Basta atentar de meditar e estudar e trabalhar dentro de si mesmo, juntando a intuição à razão ( outra dualidade; ou melhor, polaridade, de fecunda potencialidade...)
 O Pavimento Mosaico, se atentarmos na sua perspectiva dinâmica, recorda sempre ao Maçon que o principal do seu trabalho não se efetua na loja, na execução do ritual, na realização de tarefas de Oficial, na discussão de pontos de vista.

 O principal do seu trabalho faz-se no confronto de si consigo mesmo, no uso frequente e equilibrado das duas grandes ferramentas de que dispõe naturalmente, a sua Razão e a sua Intuição, para trilhar sozinho o seus caminhos e descobrir que, afinal, encontra frequentemente outros nos cruzamentos a que vai chegando.
 Por isso, o maçom deve reservar sempre em uma parte do seu dia para efetuar a mais fecunda atividade que pode efetuar: pensar, meditar, especular.
 A maçonaria tem me proporcionado um aprendizado singular - olhar “as coisas” já vistas com outro olhar. Não tenho a preocupação em validar o certo ou errado mas sim o justo. O simbolismo da Maçonaria Impressiona pela beleza, pelos mistérios e pela simplicidade de seus significados - uma simplicidade não percebível antes de fazer Parte da Ordem.
 Obviamente que isto não me faz (e não nos faz) melhor do que os outros, mas sim, diferentes.
 Com o estudo da representatividade do Pavimento Mosaico foi possível compreender que a Dualidade se difere da não- Dualidade por uma linha tênue.
 Os lados opostos inexistem sem os dois lados. As pessoas inexistem em sua totalidade, sem as outras pessoas. 
Ser maçom significa não ser estático. 
Talvez permanecer somente em um quadrante branco, não seja suficiente para busca da perfeição. Transitar para o quadrante preto, por mais difícil que possa ser é inevitável.
 Cabe a cada um de nós, aprender com os opostos. Cabe a cada um de nós aprender no decorrer da nossa vida, desde a formação familiar, na convivência social, na formação e relações profissionais, e após a iniciação no convívio com os irmãos. 

Imagens da Internet

Marco Aurélio Ferreira Dantas
CIM 314784

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