No dia 26 de Novembro de 2019, o Poderoso Irmão Deputado Federal André Luiz Borges, apresentou na Loja Maçônica Alpha e Ômega o trabalho abaixo :
IRMÃO ANDRÉ LUIZ BORGES
VENERÁVEL MESTRE E O TRONO DE SALOMÃO
Ao estar no comando
da Loja, além da observância contínua do contido nos ordenamentos
administrativos, ritualísticos e jurídicos, em consonância legal com os poderes
constituídos, o Venerável Mestre terá que avaliar, juntamente com os
componentes da sua administração, o que é prioritário. O que é prioridade hoje,
talvez não seja amanhã. Cada administração tem sua forma de agir, que deve
estar em sintonia com a legislação pertinente.
É comum que cada Venerável Mestre imprima sua
maneira, seu toque, denotando particularidades inerentes ao ser humano, algo
congênito, parte subjetiva caracterizada com uma marca pessoal. Há os que se
dedicam e dão ênfase à administração, empreendimentos, ritualística, e ainda ao
social (filantropia).
É valioso ressaltar que Venerável Mestre é um cargo
de enorme envergadura. Sem dúvida, o maior cargo na Maçonaria Simbólica. Não confundir
com grau. Venerável Mestre não é grau. Trata-se de um cargo de muita
responsabilidade, que tem conotação mística pelo que representa no seio
maçônico e no mundo profano.
Diria por analogia, que o Venerável Mestre poderia
ser comparado, em termos, a um Capitão de embarcação, daquelas que navegam
pelos oceanos. Empreendendo uma viagem onde poderão ocorrer tempestades, ondas
agitadas, levantes, motins, calmarias, bonança e por aí vai. Lógico que para
viajar é preciso planejamento prévio e, na viagem, planejamento de manutenção,
relativo ao que for possível para pôr a embarcação em funcionamento.
Na condição de comandante terá que saber ouvir. Não
se deixar levar num primeiro instante. Poderá sofrer pressões veladas ou
ostensivas. Será o ponto de equilíbrio. Ocorrerão erros, isso é normal. Só erra
quem faz. Dos erros, extraem-se as maiores lições. E somente acerta quem tem
iniciativa, coragem.
Ao cabo da viagem empreendida que levou um ou dois
anos, estando prestes a atracar no porto, num dia e hora determinados; o
comandante terá então realizado uma viagem que, certamente, exigiu muito da sua
pessoa e dos demais membros corresponsáveis.
Mesmo experimentando incompreensões e dificuldades, o
Venerável Mestre é amigo de todos, como um sol que se irradia a todos que o
recebem.
Por mais que soframos de perfeccionismo, todos nós
temos defeitos. Afinal, somos seres humanos. O erro é não admiti-los e, pior,
não tentar corrigi-los.
O cargo de Venerável é temporário e o exercício
dignifica seu ocupante, por ter sido escolhido entre seus pares para a
distinção de representá-los e conduzi-los à continuidade da Loja, visto, pois,
como iluminado para a direção dos trabalhos e tudo fará com sabedoria precisa
para a orientação dos obreiros do quadro. Poderá até ser impecável no quesito
administrativo, mas deverá evitar esbarrar em problemas como: falta de tato nas
relações com os Obreiros; acomodação; individualismo e até ausência de ética.
Na essência o Venerável Mestre é um coordenador, um
instrumento gerador de frequência, de vibração, um modelo organizador,
mediador, aglutinador, preceptor e não um mandante, decisor, chefe ou ditador,
mesmo porque lhe cabe manter a união do grupo, a harmonia do todo, o exemplo da
conduta maçônica.
Deve desenvolver uma visão de conjunto, assimilando
as atividades de forma mais ampla e realista. Aprendendo, acima de tudo, a
respeitar o outro.
O bom Venerável Mestre não é aquele que sempre
resolve os problemas que ocorrem em sua Loja, mas, sim, aquele cujos problemas
nunca ocorrem em sua Loja.
Sua posição embora a mais honrosa, é a mais difícil.
Deve ser absolutamente imparcial, não tomando partido nem deixando perceber
seus pontos de vista em relação às matérias objeto de debates.
Os membros de uma Loja têm os mesmos direitos e
deveres. Ao Venerável cabe a difícil tarefa de manter esse equilíbrio. Deve
ater-se, em sua maneira de agir, a uma forma que todos sintam seus direitos
respeitados e cumpram seus deveres.
O Venerável não tem por missão impor normas; mas sim
fazê-las respeitadas sem que ninguém sinta. Sua missão é sempre impessoal e ele
não se impõe pela força. É apenas o condutor dos trabalhos, equidistante das
facções que no plenário da Loja lutam pelas suas ideias
Além das atribuições consignadas nos Landmarks, usos
e costumes, Rituais e tradições da Maçonaria Simbólica Universal, compete ao
Venerável, ao assumir o cargo, liderar com inteligência, sabedoria e visão
esclarecida para atingir seu objetivo. Por isso é que uma Loja é, antes de
tudo, o retrato de seu próprio Venerável. Que a conduzirá bem ou mal, segundo
seu próprio modelo de vida.
O Venerável Mestre é uma figura que assume destaque e
proporções especiais. As suas atribuições definem-se em dois planos: o
administrativo e o esotérico.
PLANO ADMINISTRATIVO
No plano administrativo não há ainda um modelo de
administração, um vade-mecum (vai comigo) com esse objetivo, ou seja, uma
cartilha que ensine o “bê-á-bá”, a “cola” para que o recém-empossado recorra
quando em dúvida. Ele haverá de interpretar, sistematizar por si mesmo.
O Venerável é o presidente da sociedade civil, que é
a Loja. É o seu administrador geral e o seu representante junto à Potência ou
Obediência a que a Loja se subordina. Sendo esta uma organização à semelhança
das empresas, não deve se distanciar das teorias, métodos, técnicas e sistemas
da moderna administração, para atingir com segurança e eficácia os resultados
desejados.
PLANO ESOTÉRICO
No plano esotérico, o Venerável Mestre adquire a
condição de guia espiritual dos Obreiros, transformando-se num verdadeiro
sacerdote da Ordem.
O Venerável é especialmente quem deve “iluminar” a
Loja com sua Sabedoria e o reto julgamento que simbolicamente representa,
dirigindo construtivamente sua atividade. Como presidente da Oficina, ele tem
uma tarefa extremamente pesada: é dele que dependem, em grande parte, a
orientação espiritual de sua Oficina e os trabalhos que aí são feitos.
O Venerável tem a sua disposição forças poderosas,
sem fugir do Rito e da liturgia. É preciso que elas sejam projetadas para que
se tornem edificantes, para que todos tenham a inabalável certeza e sintam em
seus corações toda a vibração e plenitude do que é ser um verdadeiro Irmão.
Não se pode perder de vista a necessidade de nos
auto-examinarmos, com o devido cuidado para não sermos severos com os outros e
extremamente indulgentes conosco.
O Venerável que está de posse do Primeiro Malhete,
não existe para si mesmo, mas para os outros; esquece a si próprio para servir
aos outros.
Aquele que tem um cargo de comando deve estar ciente
de que comandar é a arte de “mandar com”; para ser exercido com sucesso nos
ambientes maçônicos, onde o consenso deverá sempre ser buscado. Para isso há de
enfrentar resistências, sobretudo aquelas existentes em seu próprio coração.
Ao Venerável cabe interpretar os fatos, direcionar a
ação, tomar as decisões mais eficazes e fomentar a cooperação entre todos. Se
ninguém fizer nada (lei do menor esforço), tudo continuará como está (lei da
inércia) e acabará na desordem (lei da entropia).
Sempre existirão diferentes formas de se compreender
e solucionar um problema ou melhorar alguma coisa. Basta trilhar o caminho que
conduz à Verdade e ao Bem, que não faltarão os recursos necessários.
Não há lugar para ditaduras, submissão cega e
veneração nos ambientes maçônicos, onde o consenso será sempre buscado, mesmo
entre os Irmãos que possuam pontos de vista diferentes.
O Venerável Mestre, sabendo o que tem a fazer, deverá
tentar fazê-lo de modo sensato, compreendendo que todos somos Um, e que,
portanto, só aquilo que o UNO quer, pode, realmente, ser agradável a todos.
Deve conduzir seu malhete para que todos os Irmãos recebam alegria semelhante.
André Luiz Borges
MestreInstalado
Imagens da internet e do arquivo da Loja