quarta-feira, 25 de setembro de 2019

TRABALHO APRESENTADO PELO IRMÃO JOSÉ RUBENS BUIATTI


No dia 24 de Agosto de 2019 o Irmão Primeiro Experto José Rubens Buiatti apresentou na Loja Maçônica Alpha e Ômega o trabalho abaixo :



IRMÃO JOSÉ RUBENS BUIATTI




Mestre Maçom o Discípulo Anônimo

Em todo o ensinamento do Rito Brasileiro, sobretudo nas Cerimônias Iniciáticas, estarão sempre presente os símbolos da Construção Universal para a manutenção e vivência da Tradição milenária e esotérica da Maçonaria.



A Vida reta e o Espírito fraterno são exigências absolutas para o ingresso ou permanência do Maçom como integrante do Quadro de qualquer oficina simbólica do Rito.

O Grau de M.’. M.’. que alegoricamente ensina que ele trabalha na prevalência do espírito sobre a matéria, também serve como rumo para que sigamos os passo da Verdadeiro Mestre que nos ensinou seu mandamento maior : “ Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”.



Nós, simples Irmãos falíveis, não somos senão resultado do trabalho resultante dos nossos atos e ideais; se soubermos nos apresentar como exemplos, seremos respeitados e poderemos indicar o caminho a ser seguido por nossos descendentes; no entanto, se nossa conduta for deficiente, seremos apontados como perjuros e negligentes.

Não vos iludais com as pompas e circunstâncias, somos e seremos eternos operários


em busca da verdade e cada jornada nova nos traz lições que nos são passadas por símbolos e alegorias e das quais devemos tirar nossas condutas.

 O trabalho do Mestre Maçom que hoje tem início só será concluído no momento em que seus olhos se encerrarem nesta jornada terrena, ocasião em que tudo o que foi produzido de bom e de mal será avaliado e julgado no Oriente Eterno.

Dos resultados poderemos nos alçar ao trabalho mais sutil que a espiritualidade poderá nos conceder, imitando o Cristo, ao verbo EXALADO sempre da BOA NOVA, do tempo em que o Senhor peregrinava pelas cidades da Judéia e da Galiléia. 

Poderemos estar renascidos em qual nacionalidade? Não importa! Estaremos mais cuidosos, porque descobrindo os valores morais mais íntimos de nossos corações, os caminhos se nos descortinam horizontes nunca imagináveis ao uso do raciocínio intelectual. Talvez tenhamos sido um dos seguidores junto aos apóstolos do Divino Mestre, tomando notas nos pergaminhos de cada palavra Sagrada do Mestre. 




Com Certeza ninguém saberia dizer se o mestre algum dia notou nossa presença tão próxima, mas com certeza o verbo encarnado ignorasse alguma coisa que se passasse a sua volta. Isto nos faz crer, e a Esperança nos alicerça em sua fé e a capacidade de uso da razão, que nós os Maçons reunidos nos Templos, não tenha sido aleatória, mas nos unirmo-nos em comunhão como enfermos da Matéria e da Alma, não deixando abalar nossas estruturas Espirituais e Morais, ao tempo de nos desentender perdendo oportunidades de refazimento outros que tão difíceis se nos apresentam.

Imaginemos refazendo nossos caminhos, aliviando dores que de várias formas nos são apresentadas, com impulsos irreprimível, qual autômato observando voz de comando provenientes dos Arcanos do Invisível ao dizer-nos: Filhos queridos dar-te-ei incumbências de relatar aos vossos Irmãos notícias de meus caminhos e instruções, que serão com caracteres para os meus servos do futuro e que abrangerão o mundo inteiro através das idades. Não te limites a curar apenas corpos que tendem a desaparecer nas transformações do túmulo.

Trata de elucidar, para curar também as Almas por Amor de mim, pois estas são eternas e mais necessitadas do que os corpos, e tenho pressa de que se iluminam com os fachos da verdade.

Poderemos ser instrutores dos ensinamentos da Boa Nova, como aulas de boa educação social e doméstica, das quais se eleva a figura sedutora do Príncipe dos Céus; como mestre adorável das criaturas, que visitou a Terra para tentar conduzi-las para Deus através do Amor.

Esse discípulo, todavia, poderá ser um de nós meus Irmãos; hoje ainda e voluntariamente alistemos em boa hora à causa da redenção da Humanidade, prestando idêntico serviço a Jesus. De uma coisa apenas necessitaremos para o desempenho de tão grande tarefa:

- Amor a Deus e ao próximo como a nós mesmos.

Seja severo como um magistrado, mas amoroso como uma mãe, simples como uma criança e profundo como um filósofo. 

Lembrai sempre que os bons exemplos devem ser seguidos, os bons trabalhos imitados e as boas lições aprendidas e praticadas.

Com energia poderá ser espalhado os ensinamentos da Maçonaria útil a aqueles que se acham nas Trevas e trabalhar com maior dedicação pelo bem da Humidade.



Lembremos que só pela perseverança, dedicação constante, poderão os M.’.M.’. atingir a perfeição, sem a preocupação de obter qualquer recompensa.

E se chegaste até aqui e ainda não aniquilaste as paixões dentro de ti, fica apreensivo e pede a Deus piedade por esta tua jornada, porque demonstraste ser pedra Bruta e Fria, por onde resvalou sem penetrar a água Divina vertida em caudais sobre ti.


Irmão José Rubens Buiati.
  

Imagens da Internet

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

TRABALHO APRESENTADO PELO IRMÃO PAULO HENRIQUE CUNHA


No dia 17 de Setembro de 2019 o Irmão Paulo Henrique Cunha apresentou na Loja Maçônica Alpha e Ômega o trabalho abaixo :
    

IRMÃO PAULO HENRIQUE



 Epicuro de Samos 
    O Filósofo do Jardim 


Epicuro nasceu na Ilha de Samos, em 341 a.C., mas ainda muito jovem partiu para Téos na costa da Ásia Menor. Quando criança estudou com o platonista Pânfilo por quatro anos e era considerado um dos melhores alunos. Certa vez, ao ouvir a frase de Hesíodo, "todas as coisas vieram do caos", ele perguntou: "E o caos veio de quê?". Retornou para a terra natal em 323 a.C. Sofria de cálculo renal, o que contribuiu para que tivesse uma vida marcada pela dor.

O epicurismo é sistema filosófico que prega a procura dos prazeres moderados  para atingir um estado de tranquilidade e de libertação do medo, com a ausência de sofrimento corporal pelo conhecimento do funcionamento do mundo e da limitação dos desejos. Já quando os desejos são exacerbados podem ser fonte de perturbações constantes, dificultando o encontro da felicidade que é manter a saúde do corpo e a serenidade do espírito, 
Epicuro também é conhecido como o Filósofo do Jardim, pois "O Jardim" foi como ficou conhecida a escola por ele fundara e que consistia numa comunidade de amigos e seguidores. Lá, escreveu com detalhes a filosofia que iria se tornar conhecida como epicurismo.


O propósito da filosofia para Epicuro era atingir a felicidade,estado caracterizado pela aponia, a ausência de dor (física) e ataraxia ou imperturbabilidade da alma. Ele buscou na natureza as balizas para o seu pensamento: o homem, a exemplo dos animais, busca afastar-se da dor e aproximar-se do prazer. Estas referências seriam as melhores maneiras de medir o que é bom ou ruim. Utilizou-se da teoria atômica de Demócrito para justificar a constituição de tudo o que há. Das estrelas à alma, tudo é formado de átomos, sendo, porém de diferentes naturezas. Dizia que os átomos são de qualidades finitas, de quantidades infinitas e sujeitos a infinitas combinações.


Infelizmente quase nada do trabalho de Epicuro foi salvo no tempo, a ele é creditado uma carta que provavelmente foi escrita a seu amigo Meneceu que passo a ler aos irmãos.



Carta sobre a felicidade
(a Meneceu)
Epicuro envia suas saudações a Meneceu
Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do espírito. Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou, ou que ela já passou, é como se dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz. Desse modo, a filosofia é útil tanto ao jovem quanto ao velho: para quem está envelhecendo sentir-se rejuvenescer através da grata recordação das coisas que já se foram, e para o jovem poder envelhecer sem sentir medo das coisas que estão por vir; é necessário, portanto, cuidar das coisas que trazem a felicidade, já que, estando esta presente, tudo temos, e, sem ela, tudo fazemos para alcançá-la. Pratica e cultiva então aqueles ensinamentos que sempre te transmiti, na certeza de que eles constituem os elementos fundamentais para uma vida feliz.
Em primeiro lugar, considerando a divindade como um ente imortal e bem aventurado, como sugere a percepção comum de divindade, não atribuas a ela nada que seja incompatível com a sua imortalidade, nem inadequado à sua bem-aventurança; pensa a respeito dela tudo que for capaz de conservar-lhe felicidade e imortalidade.
Os deuses de fato existem e é evidente o conhecimento que temos deles; já a imagem que deles faz a maioria das pessoas, essa não existe: as pessoas não costumam preservar a noção que têm dos deuses, ímpio não é quem rejeita os deuses em que a maioria crê, mas sim quem atribui aos deuses os falsos juízos dessa maioria. Com efeito, os juízos do povo a respeito dos deuses não se baseiam em noções inatas, mas em opiniões falsas. Daí a crença de que eles causam os maiores malefícios aos maus e os maiores benefícios aos bons. Irmanados pelas suas   próprias   virtudes,   eles      aceitam   a convivência com os seus semelhantes e consideram estranho tudo que seja diferente deles.
Acostuma-te à ideia de que a morte para nós não é nada, visto que todo bem e todo mal residem nas sensações, e a morte é justamente a privação das sensações. A consciência clara de que a morte não significa nada para nós proporciona a fruição da vida efémera, sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e eliminando o desejo de imortalidade.
Não existe nada de terrível na vida para cujuem está perfeitamente convencido de que não há nada de terrível em deixar de viver. É tolo portanto quem diz ter medo da morte, não porque a chegada desta lhe trará sofrimento, mas porque o aflige a própria espera: aquilo que não nos perturba quando presente não deveria afligir-nos enquanto está sendo esperado.
Então, o mais terrível de todos os males, a morte, não significa nada para nós, justamente porque, quando estamos vivos, é a morte que não está presente; ao contrário, quando a morte está presente, nós é que não estamos. A morte, portanto, não é nada, nem para os vivos, nem para os mortos, já que para aqueles ela não existe, ao passo que estes não estão mais aqui. E, no entanto, a maioria das pessoas ora foge da morte como se fosse o maior dos males, ora a deseja como descanso dos males da vida.
O sábio, porém, nem desdenha viver, nem teme deixar de viver; para ele, viver não é um fardo e não-viver não é um mal.
Assim como opta pela comida mais saborosa e não pela mais abundante, do mesmo modo ele colhe os doces frutos de um tempo bem vivido, ainda que breve.
Quem aconselha o jovem a viver bem e o velho a morrer bem não passa de um tolo, não só pelo que a vida tem de agradável para ambos, mas também porque se deve ter exatamente o mesmo cuidado em honestamente viver e em honestamente morrer. Mas pior ainda é aquele que diz: bom seria não ter nascido, mas, uma vez nascido, transpor o mais depressa possível as portas do Hades.
Se ele diz isso com plena convicção, por que não se vai desta vida? Pois é livre para fazê-lo, se for esse realmente seu desejo; mas se o disse por brincadeira, foi um frívolo em falar de coisas que brincadeira não admitem.
Nunca devemos nos esquecer de que o futuro não é nem totalmente nosso, nem totalmente não-nosso, para não sermos obrigados a esperá-lo como se estivesse por vir com toda a certeza, nem nos desesperarmos como se não estivesse por vir jamais.
Consideremos   também   que,    dentre   os desejos, há os que são naturais e os que são inúteis; dentre os naturais, há uns que são necessários e outros, apenas naturais; dentre os necessários, há alguns que são fundamentais para  a  felicidade,   outros,   para o  bem-estar corporal, outros, ainda, para a própria vida. E o conhecimento seguro dos desejos leva a direcionar toda escolha e toda recusa para a saúde do corpo e para a serenidade do espírito, visto que esta é a finalidade da vida feliz: em razão desse fim praticamos todas as nossas ações, para nos afastarmos da dor e do medo.
Uma vez que tenhamos atingido esse estado, toda a tempestade da alma se aplaca, e o ser vivo, não tendo que ir em busca de algo que lhe falta, nem procurar outra coisa a não ser o bem da alma e do corpo, estará satisfeito. De fato, só sentimos necessidade do prazer quando sofremos pela sua ausência; ao contrário, quando não sofremos, essa necessidade não se faz sentir.
É por essa razão que afirmamos que o prazer é o início e o fim de uma vida feliz. Com efeito, nós o identificamos como o bem primeiro e inerente ao ser humano, em razão dele praticamos toda escolha e toda recusa, e a ele chegamos escolhendo todo bem de acordo com a distinção entre prazer e dor.
Embora o prazer seja nosso bem primeiro e inato, nem por isso escolhemos qualquer prazer: há ocasiões em que evitamos muitos prazeres, quando deles nos advêm efeitos o mais das vezes desagradáveis; ao passo que consideramos muitos sofrimentos preferíveis aos prazeres, se um prazer maior advier depois de suportarmos essas dores por muito tempo. Portanto, todo prazer constitui um bem por sua própria natureza; não obstante isso, nem todos são escolhidos; do mesmo modo, toda dor é um mal, mas nem todas devem ser sempre evitadas. Convém, portanto, avaliar todos os prazeres e sofrimentos de acordo com o critério dos benefícios e dos danos. Há ocasiões em que utilizamos um bem como se fosse um mal e, ao contrário, um mal como se fosse um bem.
Consideramos ainda a auto-suficiência um grande bem; não que devamos nos satisfazer com pouco, mas para nos contentarmos com esse pouco caso não tenhamos o muito, honestamente convencidos de que desfrutam melhor a abundância os que menos dependem dela; tudo o que é natural é fácil de conseguir; difícil é tudo o que é inútil.
Os alimentos mais simples proporcionam o mesmo prazer que as iguarias mais requintadas, desde que se remova a dor provocada pela falta: pão e água produzem o prazer mais profundo quando ingeridos por quem deles necessita.
Habituar-se às coisas simples, a um modo de vida não luxuoso, portanto, não só é conveniente para a saúde, como ainda proporciona ao homem os meios para enfrentar corajosamente as adversidades da vida: nos períodos em que conseguimos levar uma existência rica, predispõe o nosso ânimo para melhor aproveitá-la, e nos prepara para enfrentar sem temor as vicissitudes da sorte.
Quando então dizemos que o fim último é o prazer, não nos referimos aos prazeres dos intemperantes ou aos que consistem no gozo dos sentidos, como acreditam certas pessoas que ignoram o nosso pensamento, ou não concordam com ele, ou o interpretam erroneamente, mas ao prazer que é ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da alma. Não são, pois, bebidas nem banquetes contínuos, nem a posse de mulheres e rapazes, nem o sabor dos peixes ou das outras iguarias de urna mesa farta que tomam   doce   uma   vida,    mas   um   exame cuidadoso que investigue as causas de toda escolha e de toda rejeição e que remova as opiniões   falsas   em   virtude   das   quais   uma imensa perturbação toma conta dos espíritos. De todas essas coisas, a prudência é o princípio e o supremo bem, razão pela qual ela é mais preciosa do que a própria filosofia; é dela que originaram todas as demais virtudes; é ela que nos ensina que não existe vida feliz sem prudência,   beleza  e  justiça,   e   que   não   existe prudência,   beleza   e   justiça   sem   felicidade.
Porque as virtudes estão intimamente ligadas à felicidade, e a felicidade é inseparável delas.
Na tua opinião, será que pode existir alguém mais feliz do que o sábio, que tem um juízo reverente acerca dos deuses, que se comporta de modo absolutamente indiferente perante a morte, que bem compreende a finalidade da natureza, que discerne que o bem supremo está nas coisas simples e fáceis de obter, e que o mal supremo ou dura pouco, ou só nos causa sofrimentos leves? Que nega o destino, apresentado por alguns como o senhor de tudo, já que as coisas acontecem ou por necessidade, ou por acaso, ou por vontade nossa; e que a necessidade é incoercível, o acaso, instável, enquanto nossa vontade  é livre,   razão  pela qual  nos acompanhara a censura e o louvor?
Mais vale aceitar o mito dos deuses, do que ser escravo do desino dos naturalistas: o mito pelo menos nos oferece a esperança do perdão dos deuses através das homenagens que lhes prestamos, ao passo que o destino é uma necessidade inexorável.
Entendendo que a sorte não é uma divindade, como a maioria das pessoas acredita (pois um deus não faz nada ao acaso), nem algo incerto, o sábio não crê que ela proporcione aos homens nenhum bem ou nenhum mal que sejam fundamentais para uma vida feliz, mas, sim, que dela pode surgir o início de grandes bens e de grandes males. A seu ver, é preferível ser desafortunado e sábio, a ser afortunado e tolo; na prática, é melhor que um bom projeto não chegue a bom termo, do que chegue a ter êxito um projeto mau.

Medita, pois, todas estas coisas e muitas outras a elas congêneres, dia e noite, contigo mesmo e com teus semelhantes, e nunca mais te sentirás perturbado, quer acordado, quer dormindo, mas viverás como um deus entre os homens. Porque não se assemelha absolutamente a um mortal o homem que vive entre bens imortais.
M.’.M.’. Paulo Henrique Cunha 
CIM 257847 


Tradução baseada na edição de Arrighetti. Epicuro. Opere. Torino, 1973.
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