Dia 06 de Agosto de 2109 o Irmão Marco Aurélio Ferreira Dantas apresentou na Loja Maçônica Alpha e Ômega o trabalho abaixo :
IRMÃO MARCO AURÉLIO
Estudar, compreender, aprender, sentir.
Talvez estas fases possam ser
consideradas um dos principais desafios ao
iniciado.
A maçonaria tem entre seus iniciados o
juramento de livre espontânea vontade de
nunca revelar os segredos ou mistérios da
maçonaria, e isto faz com que haja muitas
literaturas especulativas e as vezes
divergentes sobre o tema dificultando as
explorações dos aprendizes.
Porém é da natureza humana a constante
busca pelo conhecimento e crescimento.
Sob esta mesma ótica, é oportuno ressaltar
que no caso do maçom há à constante
busca pela perfeição.
Através desse trabalho, tenho desejo de
apresentar, de forma resumida e não
terminada, o estudo realizado sobre o
Pavimento mosaico.
Em todas as lojas maçônicas regulares está
presente, um Pavimento mosaico,
constituído por um conjunto de quadrados
brancos e negros colocados
alternadamente entre si.
O simbolo remete claramente para
dualidade, mas também para harmonia
entre os opostos.
O dualismo provem das antigas tradições
humanas.
A civilização Suméria dotava o
seus templos de piso em pavimento
mosaico, que só podia ser pisado pelos
sacerdotes no mais alto grau da hierarquia
e só em dias de eventos importantes.
Convencionou-se que o Santo dos Santos
do Templo de Salomão teria um Pavimento
Mosaico.
O embasamento para apresentação deste
trabalho é a diversidade humana e o
princípio da dualidade, ou seja, duas forças.
Este princípio me remete, naturalmente, a
minha iniciação. Me faz pensar no
aprendizado que já adquiri, e que
continuarei adquirindo, e nas dificuldades
enfrentadas, e que continuarei enfrentando
na maçonaria.
As duas forças visíveis no pavimento
mosaico através das cores preta e branca
que expõe a dualidade de tudo que existe
no universo,e descrevem as duas forças
fundamentais, opostas e complementares,
que se encontram em todas as coisas.
É possível percebermos a claridade e a
escuridão no mundo em que vivemos.
Mundo este de opostos. Dia e noite, bem e
mal, rico e pobre, sono e vigília, bonito e
feio, sábio e ignorante, prazer e dor, grande
e pequeno, saudável e doente, luz e
obscuridade, calma e pressa, virtude e vicio,
tolerância e prepotência, união e
desarmonia, calor e frio, feliz e triste, êxito e
fracasso, amor e ódio, ordem e desordem,
certo e errado, vida e morte, humildade e
orgulho, razão e emoção, dentre outros.
O
perigo na dualidade é quando ela se torna
polarizada em julgamentos e crenças em
nossos pensamentos.
Ainda que represente lados opostos, as
partes que compõem o Pavimento, quando
analisadas como um todo, se completam e
harmonizam, numa nítida representação de
igualdade e união.
Por isso, proponho um
olhar sobre a não- dualidade, ou seja, “não
dois”. Enquanto a dualidade pretende
diferenciar a não-dualidade pretende unir.
O olhar sob a ótica da não-dualidade é
importante para entendermos que
essencialmente somos todos Um.
Isso
significa nos unirmos com tudo e todos, até
mesmo com o que ou quem não prezamos.
Para a evolução e para a busca da
perfeição é necessário que as “duas forças”
interajam.
O desafio é buscar o equilíbrio entre “as
duas forças”. Não precisamos ser iguais
para ser Irmãos. As diferenças, quando
conhecidas, são válidas e necessárias.
Ao
observarmos o pavimento mosaico,
independentemente de seu formato,
percebemos que as duas cores são ligadas
umas às outras. Isto nos faz pensar de que
mesmo sendo diferentes em raça, credo ou
cor, somos iguais perante o Supremo Arquiteto do Universo.
Praticar a igualdade e a justiça, mesmo
diante de tantos opostos extremos, é
certamente um exercício contínuo.
Seguramente, em alguns momentos,
agimos no quadrante de cor preta e em
outros, no de cor branca.
Pavimento mosaico recorda-nos assim que
a vida é feita de contrastes, de forças
opostas que se influenciam entre si, e que é
através dessa influência mútua que ocorre
a mudança, o avanço, a evolução.
Nesse sentido, o bem, por si só é estático e
estéril. O bem só evolui em confronto com o
mal. É desse confronto entre ambos que
resulta algo, é esse confronto bipolar que é
fecundo. Aliás, em bom rigor, só podemos
definir o bem em confronto com o mal, tal
como necessitamos da sombra para bem
aprender o que é a luz.
A humanidade só evolui porque sempre
necessitou de se confrontar com o perigo,
com a fome, com a necessidade, em suma,
com o mal, e teve de superar todos os
sucessivos obstáculos para atingir
sucessivos patamares de bem, de
satisfação, sempre confrontada com novos
perigos, obrigando a novas superações.
É
ao superar os sucessivos obstáculos com
que se depara que o homem se supera a si
mesmo.
O Pavimento Mosaico não é um espaço
estático. É um caminho com luzes e
sombras, com espaços agradáveis e
veredas desagradáveis, com seguranças e
perigos. Ficar num quadrado branco e dele
não sair, não leva a lado nenhum...
É
necessário enfrentar a dualidade com que
nos deparamos, suportar a polaridade
inerente a tudo que nos rodeia e, afinal,
inerente a nós próprios e... fazer-nos à vida!
Se tomarmos mais opções certas do que
erradas, teremos mais sinteses brancas do
que negras e desbravaremos um caminho
de avanço.
Se ou quando ( porque é quase
que inevitável que esse quando, muito ou
pouco, cedo ou tarde, sempre apareça...)
enveredamos por opções erradas,
acabamos por cair em sombria síntese e
deparar com retrocesso e não com
desejado progresso.
Mas ainda assim, a
solução não é ficar onde se foi parar, com
receio de nosso retrocesso: é prosseguir
com nova síntese, efetuar nova opção,
desejávelmente que se revele boa, para
melhor sorte nos caber.
E assim, em
perpétuo movimento, em continua
progressão de inesgotáveis sínteses, o
homem avança desde a sua tese inicial até
a sua derradeira síntese... que, do outro
lado da cortina descobrirá que não foi um
fim, mas apenas um novo recomeço, uma
nova tese para, noutro plano, se confrontar
com fecunda antítese...
Um simples pavimento mosaico serve de
ponto de partida para a mais profunda
especulação. Basta atentar de meditar e
estudar e trabalhar dentro de si mesmo,
juntando a intuição à razão ( outra
dualidade; ou melhor, polaridade, de
fecunda potencialidade...)
O Pavimento Mosaico, se atentarmos na
sua perspectiva dinâmica, recorda sempre
ao Maçon que o principal do seu trabalho
não se efetua na loja, na execução do ritual,
na realização de tarefas de Oficial, na
discussão de pontos de vista.
O principal do
seu trabalho faz-se no confronto de si
consigo mesmo, no uso frequente e
equilibrado das duas grandes ferramentas
de que dispõe naturalmente, a sua Razão e
a sua Intuição, para trilhar sozinho o seus
caminhos e descobrir que, afinal, encontra
frequentemente outros nos cruzamentos a
que vai chegando.
Por isso, o maçom deve
reservar sempre em uma parte do seu dia
para efetuar a mais fecunda atividade que
pode efetuar: pensar, meditar, especular.
A maçonaria tem me proporcionado um
aprendizado singular - olhar “as coisas” já
vistas com outro olhar. Não tenho a
preocupação em validar o certo ou errado
mas sim o justo.
O simbolismo da Maçonaria Impressiona
pela beleza, pelos mistérios e pela
simplicidade de seus significados - uma
simplicidade não percebível antes de fazer
Parte da Ordem.
Obviamente que isto não
me faz (e não nos faz) melhor do que os
outros, mas sim, diferentes.
Com o estudo da representatividade do
Pavimento Mosaico foi possível
compreender que a Dualidade se difere da
não- Dualidade por uma linha tênue.
Os
lados opostos inexistem sem os dois lados.
As pessoas inexistem em sua totalidade,
sem as outras pessoas.
Ser maçom significa não ser estático.
Talvez permanecer somente em um
quadrante branco, não seja suficiente para
busca da perfeição. Transitar para o
quadrante preto, por mais difícil que possa
ser é inevitável.
Cabe a cada um de nós,
aprender com os opostos. Cabe a cada um
de nós aprender no decorrer da nossa vida,
desde a formação familiar, na convivência
social, na formação e relações
profissionais, e após a iniciação no convívio
com os irmãos.
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Marco Aurélio Ferreira Dantas
CIM 314784