domingo, 27 de março de 2022

TRABALHO APRESENTADO EM LOJA

No dia 22 de Março de 2022 durante Sessão Ordinária na Loja Maçônica Alpha e Ômega, o Irmão Mestre Instalado Aldo Borges Freitas apresentou o trabalho abaixo: 

 


A TOLERANCIA MAÇÔNICA






Inspirado no Grau 10 do Rito Brasileiro – Mestre da Tolerância

Livro: Graus Capitulares do Rito Brasileiro 

Autores: Paulo Iochitaka e Emerson de Mello

Edição: A Trolha - Março-2021


CONSTITUIÇÃO DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL


Art. 1º Item III - proclama que os homens são livres e iguais em direitos e que a TOLERÂNCIA constitui o princípio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um; 


Meus  Irmãos, 

 

Vamos imaginar que estamos em um ambiente fechado e hostil, sob o aspecto da contaminação por COVID-19. Uma agencia bancária por exemplo, onde já tivemos contato com várias pessoas, tocamos nos papeis, canetas e caixas eletrônicos onde centenas de pessoas tocam, e estamos aguardando para sermos atendidos.




Vamos imaginar agora que, de repente, nos acomete uma daquelas coceiras no olho que tanto nos incomoda, e nós estamos impedidos de levar o dedo ao olho-problema diante do perigo maior de contrairmos o vírus fatal.

Todos nós conhecemos aquele famoso ditado que diz que “comer e coçar é só começar” 


Desse modo, se você não der início ao processo de coçar, você resolve o problema de forma simples.


Basta você TOLERAR isso por alguns segundos e a tal coceira em geral vai embora. 


Se você ainda não experimentou isso, experimente para ver.


Pois bem... toda esta historinha inicial e o seu resultado satisfatório, gira em torno de uma palavrinha que está inserida no meio dela: 


TOLERAR

 

Tolerar para não INFECTAR. Tolerar por algum tempo até que se possa ter acesso ao Álcool Gel ou ao Sabonete. Enfim, praticar, mesmo que por conveniência, o exercício da TOLERÂNCIA.


Mas além dessa tolerância conveniente, mais ligada aos instintos profanos, há uma outra que se mostra de caráter mais nobre e de um senso moral mais elevado. Trata-se da TOLERANCIA MAÇÔNICA.





Originalmente a palavra tolerância vem do latim “tolerantia” que significa: constância em suportar, ou ainda, aceitação daquilo que não se pode impedir. (Dicionário Priberam)

Sequencialmente o verbo tolerar assume as características de: levar, suportar um peso, um fardo, aguentar, sofrer, persistir, suster, manter e resistir.

Estas características são as que estão, de fato, em maior consonância com os princípios e o pensamento maçônico, muito embora não consigamos ainda colocar em prática todas elas.

O Irmão Paulo Iochitaka da revista A Trolha, nos traz a seguinte avaliação sobre o tema: 



“No mundo atual, praticar a tolerância a cada dia exige muito de nós, pois a conturbação social e a pressão psicológica exercida sobre o homem, torna-o mais do que nunca exigente, imprudente, agressivo, preconceituoso e até inconsequente”

Diante dessas dificuldades a pessoa tende a se tornar menos complacente com essa virtude chamada tolerância. A pessoa às vezes, não só não pratica esse exercício da paciência, como ainda, age contra aqueles que a praticam.

Nesse caso, o indivíduo assume em geral três posições distintas:

Na primeira, ele se contrapõe a tudo aquilo que ele entende como erro; 

Na segunda, ele tenta convencer àqueles que tenham tendências de seguir as suas ideias; 

Na terceira, ele procura desmerecer o comportamento daqueles que agem diferente, procurando depreciar a paciência destes, considerando sua tolerância não como virtude, mas como omissão e falta de atitude.  

Nesse último caso, o indivíduo age como os intemperantes, que diante de pequenas falhas ou fraquezas humanas, partem para o confronto, arrogando para si o título de combatente dos maus costumes. 

Há realmente aqui uma linha bastante tênue entre a tolerância-virtude e a tolerância-omissão

   Por uma herança cultural o homem geralmente é avesso a tolerar aquilo que não está de acordo com suas ideias, associando o termo somente aos seus aspectos negativos. 

Como exemplo podemos citar o tratamento dado aos prostíbulos, que são chamados de “Casas de Tolerância” 

Às vezes, e até inconscientemente, o homem costuma deixar de lado a tolerância para com o outro pelas seguintes razões: 

1. Para marcar sua posição no debate; 

2. Para não demonstrar falta de argumento;

3. Para não transigir com o pensamento diferente ou para não demonstrar fraqueza.

Para preservar a fraternidade a que nos propomos temos que abrir mão dessas posições mais ou menos radicais, passando a entender que: 

1. A tolerância não é um pacto com o erro; 

2. A tolerância não é um ato de subserviência; 

3. A tolerância não é uma covardia e 

4. A tolerância não é uma falta de atitude.

Não enxergamos nenhum demérito naqueles que conseguem perceber os erros e as falhas e que agem imediatamente sobre eles antes que se espalhem, como também não desmerecemos quem consegue exercer a tolerância inteligente, essa que tem muitas vezes a capacidade de mudar o rumo da discórdia e da dissidência.

E como se situar entre uma coisa e outra?

     Exercer a tolerância é colocar-se de forma correta dentro de padrões estabelecidos, e agir sempre como na relação entre o “remédio e o veneno” onde o diferencial é a dose. 

      Nesses novíssimos tempos, onde os campos de batalha da intolerância se mostram férteis na produção de coisas ambíguas, sobretudo pelos extremismos que surgem por toda parte, temos que nos exercitar para tentar compreender e tolerar inclusive os intolerantes. 

Mas, a tolerância é uma coisa assim em aberto, sem nenhum limite?

     Não, há um consenso entre os estudiosos da matéria, de uma linha que limita a tolerância. 

     Esse limite, segundo os estudantes do assunto, aplica-se ao erro e ao crime quando são premeditados, e para os quais não pode haver tolerância.

  A maçonaria é por excelência uma escola de relações humanas, na qual procura unir os homens em torno de um ideal comum que é o da fraternidade e da boa convivência. 

E a ferramenta mais adequada para se chegar a esse resultado é sem dúvida o exercício da tolerância dentro de padrões razoáveis.

E  vamos encerrando por aqui...

Mas queremos deixar agora, para análise e reflexão dos irmãos, dois procedimentos em dois momentos daquela figura que é nossa maior referência em termos de amor, compreensão, justiça e sabedoria, que é Jesus Cristo:       

O primeiro procedimento, foi a sua INTOLERÂNCIA diante dos vendilhões do Templo, que transformavam a Casa de Deus em Loja de Negócios.

O segundo procedimento, foi sua TOLERÂNCIA diante do calvário e do sofrimento, para dar cumprimento a um fim maior.

Dessa forma, e por ilação podemos concluir que a tolerância de Cristo foi a causa da salvação da humanidade.

 

Irmão Aldo Borges


Imagens da Internet













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