sexta-feira, 15 de agosto de 2014

SOLIDÃO


CONCURSO INTERNACIONAL DE LITERATURA PROMOVIDO PELA 
EDITORA ASSIS, UBERLÂNDIA - MG 



APRESENTADO PELO IRMÃO DAVID ARAÚJO 
DIA 05/08/2014

Ao longo da história das civilizações, nas falas dos poetas, 
dos romancistas, dos religiosos, dos profetas e dos pensadores, sempre se 
fez referência ao tema SOLIDÃO, seja para expressar um sentimento 
romântico, seja para expressar uma situação de isolamento ou de 
abandono, além dos livros técnicos que estudam reações dos indivíduos, 
usando a SOLIDÃO como doença patológica passiva de tratamento 
específico e acompanhamento qualificado. 
Define-se, literalmente, que SOLIDÃO é um sentimento que provoca 
na pessoa uma profunda sensação de vazio e de isolamento. A SOLIDÃO é 
mais que um sentimento de querer uma determinada companhia, ou de 
querer realizar uma atividade com outras pessoas mas é a necessidade de 
algum ingrediente que as transforme na coisa desejada. 
Não é um sentimento comum, presente em todas as pessoas, mas 
de determinado indivíduo em determinado tempo e em razão de uma 
determinada situação. Podemos pois, tratar a SOLIDÃO como uma doença 
provocada em determinada pessoa por razões diversas tais como, perdas, 
sentimentos frustrados, introspecçao, síndromes, auto-condenação, 
exclusão, discriminação e tantos outros motivos e razões, tudo avaliado 
pela capacidade de resiliência de cada indivíduo. 
Não há dúvida de que estamos muitas vezes sós, no meio da 
multidão. O mundo moderno criou doenças, medos, preconceitos, tabus e 
ameaças aos quais a humanidade, de um modo geral, se submete, 
cotidianamente, fazendo frustrar os mais nobres sentimentos, as mais 
nobres missões, os mais importantes momentos das vidas das pessoas. 
Atinge o "Tendão-de-Aquiles" das sociedades que são as instituições 
básicas da evolução, como a família, o casamento, a religião, o trabalho 
digno e honesto, o ganho ético e a liberdade de pensamento. 
Nesta esteira de pensamento, a doença SOLIDÃO pode acometer 
qualquer um de nós e nos levar às consequências mais terríveis da
depressão e da loucura. A doença do século é a Síndrome-de-Pânico, 
diagnosticada apenas pelas reações e comportamentos do paciente, sem
 
diagnósticos científicos e reveladores das áreas cerebrais afetadas,
 
levando psiquiatras, psicanalistas e psicólogos a utilizarem de métodos de
 
terapia experimentais e de validação pessoal, nem sempre eficazes,
 
prolongando de tal forma a patologia dos indivíduos que tornam-se
 
problemas de convivência com a família, com a sociedade, terminando por
 
serem internados em clinicas que os tornam mais carentes, mais
 
envolvidos de SOLIDÃO e de isolamento.
 
Conclui-se que a SOLIDÃO não é coisa concreta e'sim uma projeção
 
do indivíduo que se envolve do sentimento de vazio, devendo ser tratado
 
pelas especificações de sua própria SOLIDÃO, causas e sentimentos que os
 
levaram a se sentir só, mesmo no meio de todos.
 
Na generalização poética do vocábulo, temos que SOLIDÃO nasce de
 
um desengano amoroso, da ausência de alguém que se quer, da perda do
 
amor que representa tudo na vida da pessoa; palavra transcendente que
 
invade o mais íntimo dos sentimentos, que se compara com a noite cheia
 
de estrelas e com a escuridão do infinito; que se mede pela dor interior e
 
se debruça no desinteresse de viver; cria poesias, romances, inspira a
 
grandes composições musicais, rende dinheiro a quem explora e
 empobrece os que não a vencem .
Para os fortes, a SOLIDÃO não tem propostas aceitáveis, não 
consegue tocar seus corações, não invade suas mentes. E repelida pela
 
força interior do desejo de vencer, dos ideais bem formados, da
 
estruturação psíquica, mental, social e até mesmo religiosa.
 
Para os fracos, torna se doença incurável, desafio à vida, fantasma
 
que engole para dentro de suas vísceras num labirinto infinito e sem saída
 
apenas com o passaporte para a derrota o desânimo e a morte.
 
Os remédios sociais contra a SOLIDÃO estão disponíveis a todos: a
 
vida social ativa, a solidariedade e a cumplicidade com as propostas de
 
realinhamento social em favor do coletivo, o trabalho e a ocupação da
 
mente, a leitura, o desprendimento das coisas meramente materiais e a
 
valorização das virtudes como um projeto de formação constante da
Edificação de nosso caráter. O "ser" com mais frequência, o "ter" mais com cuidado .
Enquanto vivos, podemos nos livrar de todos os males psicológicos
 
pela vontade sadia de viver e sermos felizes por direito, jamais por
 
obrigação. Cada momento nosso é uma oportunidade a mais de
 
contabilizarmos felicidade, satisfação de viver, bastando apenas que nos
 
livremos dos pensamentos ruins, das flagelações de nossas experiências
 
mal sucedidas, das auto-acusações, da culpa de quem não tem culpa, do
 
conhecer a si próprio, interna e externamente. Da propriedade de se
 
impor pelo que é e não pelo que querem que sejamos.
 
Diferentemente da SOLIDÃO, a SOLITUDE pode ser um bom
 
momento em que desejamos ficar sós, meditar, programar soluções,
 
pensar de forma racional os caminhos que devemos percorrer para o
 
sucesso. Neste caso, o estar sozinho não nos remete à SOLIDÃO e sim ao
 
nosso interior, de onde devem nascer as mais belas realizações de nossa
 vida
Na morte, por mais espiritualizados que sejamos, por mais que
 
nossa crença nos afirme que exista outra vida após esta, com certeza,
 
experimentaremos a mais triste de todas as SOLIDOES: a da lápide fria, da
 
escuridão do fundo da terra, dos vermes que aos poucos consumirão
 
nosso corpo, da ausência de tudo, da ausência de todos. Nestes tempos
 
modernos, onde o espaço para o homem se torna cada dia menor,
 
poderemos sujeitar nossos corpos à crematória, reduzi-lo a um pequeno
 
monte de cinzas, espalhá-las sobre o mar, sobre os jardins ou alguém
 
guardá-las como lembrança. Transformá-las em um lindo diamante e
 
alguém ostentá-lo como jóia rara. De qualquer forma, a morte é a
 
verdadeira SOLIDÃO, indesejada, porém, inevitável.
 
Enquanto vivo, não cante a SOLIDÃO em versar não faça dela a
 
apologia de um sentimento que pode dar solução a um sofrimento. Cante
 
a vida, dance a vida e viva a vida, sem SOLIDÃO!
 

Uberlândia
 
(MG), 24 de maio de 2014. (15,05 horas).

Davi Araujo

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