sexta-feira, 19 de julho de 2019

TRABALHO APRESENTADO PELO IRMÃO ARTHUR GOUVEIA

O CAMINHO PARA PERFEIÇÃO


IRMÃO ARTHUR GOUVEIA



No telhamento de recepção de visitantes, a resposta à pergunta “O que vindes aqui fazer?” é a
seguinte: “Vencer minhas paixões, submeter minha a vontade e fazer novos progressos na Maç.ॱ.”.
Aqui quero destacar a palavra “progressos”.
No ritual do Rito Brasileiro, na parte III – Instrução do Grau, a pergunta “O que é Maçonaria?”aparece mais de uma vez. No Capítulo 1 – Iniciação Recapitulada, a resposta se inicia com “Uma instituição que tem como objetivo tornar feliz a Humanidade, aperfeiçoando, pelo amor, os costumes; pela tolerância, a razão, e pelo dever, o caráter. (...)”. Já no capítulo 5 – A Doutrina do Grau a resposta à mesma pergunta é “É associação de âmbito universal, que  propugna melhorar a Humanidade pelo aperfeiçoamento moral, social e intelectual do homem, sem distinção de raça, crença ou nacionalidade”. A palavra-chave aqui é “aperfeiçoamento”.
A busca da Maçonaria pelo aperfeiçoamento e pelo progresso é tão forte que um dos primeiros atos do neófito após a investidura, antes mesmo de ser proclamado Aprendiz Maçom, é trabalhar na P.ॱ.B.ॱ.. E este trabalho – utilizando o maço e o cinzel – é, talvez, o maior símbolo maçônico da busca pelo aprimoramento.

Aqui gostaria de fazer um exercício de lógica. Como a busca pelo aperfeiçoamento e pelo progresso é o que define a Maçonaria, se essa busca se encerrar a Maçonaria deixa de existir. Portanto, se a busca pelo aprimoramento não pode ser interrompida e deve ser constante, se devemos sempre buscar sermos pessoas melhores e melhorar a humanidade, em última instância a Maçonaria almeja a perfeição! Almeja o estado utópico onde não há mais espaço para aprimoramentos, onde não mais é possível melhorar. Assim sendo, o objetivo máximo da Maçonaria é alcançar a perfeição da Humanidade.
A pedra polida, sem rugosidades, sem porosidades, suave ao toque, pode ser entendida como um símbolo da perfeição buscada pelo Maçom. Porém quando o Maçom pode considerar-se perfeito?
Quando podemos dizer que finalmente está tudo justo e perfeito? Qual o caminho a trilhar
buscando a perfeição?
Para alguns, esse caminho envolve a evolução física em busca da vida perfeita. Saúde e beleza do corpo físico, limpeza e pureza dos ambientes residencial e profissional, condição financeira
suficiente para suprir as necessidades básicas e eventuais luxos, condição intelectual suficiente para se comunicar e conviver com qualquer um em qualquer situação. Para outros, trata-se da evolução moral e espiritual. O coração puro cheio de amor, generosidade, caridade, fraternidade, uma ligação constante com o Supremo e uma fé inabalável, uma capacidade ética irrepreensível, valores evirtudes admiráveis. Ou, idealmente, a combinação de tudo isso! Para  estas pessoas, esse seria o caminho da perfeição.
Alguns Maçons, na busca pelo aprimoramento almejando a perfeição, ocupam diversos cargos em loja, visitam várias lojas de diferentes ritos em diversos orientes, estudam graus mais elevados e, como consequência disso, recebem homenagens, comendas e medalhas.
Porém, olhando para essa breve lista que nada tem de inesgotável, a trilha para a perfeição parece complexa e o fardo, pesado. É preciso agregar cada vez mais, ser cada vez “maior” para ser melhor. É preciso ser mais saudável, é preciso ser sábio, mais caridoso, mas valoroso, mais experiente, mais, mais, mais...
Mas existem duas formas de transformar a P.ॱ.B.ॱ. em P.ॱ.P.ॱ.: uma, através da eliminação de

saliências e protuberâncias ou outra, através do preenchimento das depressões e furos. Dentro da Maçonaria aprendemos que o trabalho na P.ॱ.B.ॱ. é realizado desbastando com o Maço e o Cinzel e não agregando com argamassa e trolha.
Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944) foi escritor, ilustrador e piloto francês. Ficou conhecido por ilustrar e escrever o livro "O Pequeno Príncipe", um clássico da literatura, publicado em 1943. É de sua autoria a seguinte frase: “A perfeição não é alcançada quando não há mais nada a ser incluído, mas sim quando não há mais nada a ser retirado.”
Bruce Lee (1940-1973), artista, ator, lutador de artes marciais, filósofo e cineasta disse certa vez: “Não é o aumento diário, mas a diminuição diária. Corte fora o não essencial”
Portanto, meus IIr.ॱ., a busca pela perfeição não deve passar pela inclusão, pelo aumento e sim pela eliminação e diminuição. Não passa melo “mais”, e sim pelo “menos”. Não está fora, em um lugar distante, inacessível ou inalcançável; está dentro. O Maçom, no seu caminho de aprimoramento constante, deve estar sempre munido com o Maço e o Cinzel para eliminar os excessos, aquilo que não é necessário, remover tudo o que não importa.
E o que importa não são os títulos e comendas, mas a experiência adquirida; não são os louros do reconhecimento, mas o trabalho realizado; não é a quantidade de amigos que se têm, mas a
qualidade dessas amizades.
Quero deixar claro que essa busca pela perfeição através da eliminação e da simplificação não quer dizer uma vida franciscana ignorando ou refutando as modernidades e facilidades existentes nos dias atuais. Essa eliminação, esse desbaste dos excessos é uma busca incessante pelo cerne, pelo núcleo central, pela razão primordial.
É claro que um Maçom pode, como exemplo, querer visitar o maior número de lojas possível, mas o desbaste da P.ॱ.B.ॱ. está na total compreensão das razões de tais visitas. Essas razões deveriam ser o mais simples e puras, alijadas de qualquer vaidade ou sentimento de comparação. Obviamente um Maçom pode almejar cargos e graus mais elevados, mas sempre eliminando aquilo que não é essencial nessa busca.
Concluindo, meus IIr.ॱ., ser Maçom é buscar o aprimoramento e o progresso incessantemente,
mas essa busca deve ser feita com o Maço e o Cinzel, não com argamassa e trolha. A P.ॱ.B.ॱ. sendo desbastada é um símbolo extremamente forte e muito poderoso! A P.ॱ.C.ॱ., que representa a perfeição, está dentro da P.ॱ.B.ॱ. e não fora. O Maçom justo e perfeito está dentro de cada Ir.ॱ.. 

Para encontrá-lo é necessário olhar para dentro de si, para o que já está ali, adormecido ou soterrado sob
os nossos vícios. A busca do aprimoramento não deve ser feita olhando para fora, para os outros, para o mundo externo; deve ser feita olhando para dentro, para si mesmo.
Eliminemos aquilo que não é necessário, buscando a nossa essência. Esse é o caminho para a perfeição.



Arthur Gouveia – CIM 269024
A.ॱ.R.ॱ.L.ॱ.S.ॱ. Alfa e Ômega - Or.ॱ. de Uberlândia MG
16 de Julho de 2017


Fotos : Internet


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