quarta-feira, 12 de novembro de 2025

TRABALHO APRESENTADO EM LOJA

 Dia 4 de Novembro de 2025, durante Sessão Ordinária na Loja Maçônica Alpha e Ômega, o Irmão Primeiro Vigilante Paulo Henrique Cunha, nos brindou com a apresentação do trabalho abaixo sobre a Dialética: 


DIALÉTICA




A dialética não é um conceito monolítico, mas sim uma prática de pensamento que evoluiu ao longo de toda a história do pensamento ocidental.

Heráclito é considerado o pai da dialética porque sua filosofia se baseia na ideia de que a realidade é um constante movimento de mudança impulsionado pelo conflito entre opostos. Ele afirmava que tudo está em fluxo, e que a harmonia surge da tensão entre elementos contrários, como a vida e a morte, ou a guerra e a paz, exemplificado na famosa analogia de que um homem não pode entrar no mesmo rio duas vezes.

As principais características são as seguintes:

1. Definição Fundamental: A dialética é o "trânsito" ou a conexão entre o mundo material (história, política, tecnologia) e uma superestrutura simbólica (ideias,espiritualidade, cosmovisões). O exemplo da arquitetura das catedrais ilustra como uma forma física é moldada por uma visão de mundo imaginária.

2. Tipologias de Relação: Existem modelos de relação dialética como por exemplo a dialética descendente formulada por Platão e as religiões postula que o mundo das ideias ou o espiritual determina o material. A dialética ascendente (materialismo) argumenta o inverso, que a base material determina as ideias.

3. Evolução Histórica: O conceito evoluiu significativamente. Em Platão, a relação é vertical, entre o indivíduo e o Mundo das Ideias. Com pensadores como Mestre Eckhart, introduz-se um eixo horizontal, analisando as relações entre indivíduos. Hegel eleva o sujeito da dialética para a sociedade como um todo, culminando no Estado como a realização do "Espírito Absoluto".

4. A Inversão Marxista: Marx adota a mecânica dialética de Hegel, mas a inverte. Para ele, a base material é o ponto de partida que determina a superestrutura ideológica. Esta, por sua vez, retorna para influenciar a construção do mundo material, levando à conclusão de que o controle da base material pode moldar as crenças e a liberdade de uma sociedade.

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770 – 1831) filósofo germânico, é considerado um dos mais importantes postulantes do conceito de dialética. O conceito central hegeliano é que a realidade é um ser em constante movimento que ele chamou de espirito ( Geist), que se desdobra através de um processo triádico de tese, antítese e síntese. em direção a níveis cada vez mais elevados de autoconsciência em direção ao saber absoluto.

Os conceitos basilares e fundantes para a compreensão do sistema hegeliano, sem a pretensão de esgotar a totalidade de suas obras ou conceitos em três eixos principais que estruturam o pensamento do filósofo:

1. Realidade como Espírito: A compreensão da totalidade da existência não como um conjunto de objetos estáticos, mas como um sujeito dinâmico em processo.

2. A Dialética: A elucidação da dialética como a estrutura intrínseca da realidade e, simultaneamente, o método para sua compreensão.

3. A Fenomenologia do Espírito: Uma visão geral da obra que mapeia o desdobramento histórico da autoconsciência do Espírito.

A Realidade como Espírito (Geist)

Para Hegel espírito (Geist) é a realidade dinâmica e em constante desenvolvimento dialético, que se manifesta através da razão, da consciência e da história. Não é algo sobrenatural, mas o processo pelo qual a consciência se desenvolve de formas mais simples até alcançar a autoconsciência completa, culminando no saber absoluto

Características principais do espírito hegeliano




. Realidade em desenvolvimento: O espírito não é estático, mas um ser que se autogera continuamente por meio de um processo dialético (tese, antítese, síntese). A história é vista como a marcha do espírito em direção a níveis mais altos de autoconsciência.

. Autoconsciência e razão: O espírito é a atividade autoconsciente da mente, que se eleva da certeza sensível até a razão e, finalmente, ao saber absoluto.

. Manifestação social e cultural: O espírito se manifesta nas estruturas sociais, como a família, a sociedade civil e o Estado, e se expressa através da cultura, arte e religião, por exemplo.

. A Metáfora da Planta

 Hegel utiliza a metáfora do ciclo de vida de uma planta para ilustrar o movimento do Espírito. Este processo é:

 1. Semente: Um momento de determinação, finita e autocontida.

 2. Flor: Surge da negação da semente, rompendo seus limites para se tornar uma nova determinação.

3. Fruto: Nasce da negação da flor, estabelecendo-se como uma nova forma determinada.

 4. Nova Semente: Emerge do fruto, negando-o e reiniciando o ciclo.

Este ciclo triádico demonstra um processo autocriativo, onde momentos sucessivos se superam continuamente, um dando origem ao outro. Assim como a planta, a realidade é um processo contínuo de autogeração e autossuperação.

O movimento do Espírito não é aleatório; ele segue uma estrutura triádica e dialética. Hegel abraça a contradição como um elemento essencial e produtivo da realidade, expressa na célebre frase: "Tudo que é real é racional e tudo que a racional é real".

3.1 O Movimento Triádico do Ser

O desdobramento do Espírito ocorre em três momentos lógicos:

• Ser-em-si (An-sich): O ponto de partida. A realidade como ideia pura, autocentrada, mas sem consciência de si mesma.

• Ser-fora-de-si (Für-sich): O momento da alienação ou exteriorização. Para se conhecer, o Espírito precisa se tornar outro, gerar algo que não é ele mesmo (a Natureza, o objeto).

• Ser-em-si-para-si (An-und-für-sich): O retorno a si. Após se deparar com sua alteridade, o Espírito retorna a si mesmo, agora enriquecido com autoconsciência.

3.2 O Método Dialético e o Conceito de Aufhebung

A dialética não é apenas a estrutura da realidade, mas também o método necessário para compreendê-la em sua complexidade e contradição.

4.1 As Três Etapas do Método

1. Tese (Momento Abstrato ou Intelectivo): O intelecto age de modo determinado, estabelecendo definições claras, separando e categorizando conceitos de forma estática.

2. Antítese (Momento Dialético ou Negativamente Racional): A introdução deliberada da contradição. O que foi afirmado na tese é negado, contraposto por seu oposto (ex: uno vs. múltiplo, semelhante vs. diferente).

3. Síntese (Momento Especulativo ou Positivamente Racional): A unificação dos opostos. Não é uma mera anulação da briga, mas uma resolução que gera um resultado novo e mais complexo.

Aufhebung: O Momento Especulativo

A síntese é mais bem compreendida pelo termo alemão Aufhebung, que é frequentemente traduzido como superação mas suspensão poderia ser uma tradução melhor para o conceito. 

Este conceito possui um triplo significado simultâneo, que revela a riqueza do processo dialético:

• Negação : O momento anterior é superado e deixa de existir em sua forma original. (Ex: "O aluno foi suspenso").

• Conservar/Preservar: Elementos essenciais do momento anterior são mantidos na nova etapa. (Ex: "O tribunal está suspenso", conservando o estado atual para o dia seguinte).

• Elevar/Alçar: O resultado da síntese está em um nível superior de complexidade e consciência. (Ex: "O macaco está suspenso no galho").

Meus irmãos, esse é um pequeno praticamente ínfimo resumo sobre o assunto dialética que nos mostra ser um conceito de suma importância pois descreve o movimento da vida e seu sentido, mostra o quanto é importante o combate aos vícios e o preço a ser pago na abstinência em nossas paixões.

Eu vou desdizer aquilo tudo que eu lhe disse antes

 Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante 

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo


Ir.'. Paulo H. Cunha 


Imagens da Internet 

Nenhum comentário: